Era uma vez... um rei que parte em visita a uma cidade que encontra-se aos pés de uma imensa montanha. O rei, comentando esse dado, diz: “Que pessoas de sorte! Imagino os belos passeios que fazem nessa bela montanha.” Os súditos o olham perplexos e dizem: “Mas senhor, existe um velho edital, já não nos lembramos mais de qual rei, que nos impede de subir na montanha. Sempre fomos súditos fiéis, nunca ousamos desobedecer.”
O jovem rei cala-se, pois não sabe o que responder; logo, volta à sua corte e, entre velhos papéis, descobre que um ancestral seu tinha proibido aos habitantes daquela cidade penetrar na floresta por um motivo: na cidade situada do outro lado da montanha, naquele período, havia uma epidemia de cólera. O rei daquela época queria, com tal drástica proibição, evitar que seu povo corresse o risco de contágio.
Agora que a peste já não existia há anos, aquele edital pode ser modificado. Além disso, o jovem rei compreende que privados por tantos anos de colocar os pés na montanha, aos habitantes da cidade não será suficiente cancelar a proibição.
Agora que a peste já não existia há anos aquele edital pode ser modificado. Além disso, o jovem rei compreende que privados por tantos anos de colocar os pés na montanha, aos habitantes da cidade não será suficiente cancelar a proibição.
Ele percebe que deve ajudar a população a reapropriar-se gradualmente da montanha, aprendendo também a defender-se de seus perigos.
O jovem rei retorna à cidade com um novo edital, no qual informa aos moradores que, dali em diante, cada cidadão poderá explorar a montanha. Acrescenta que cada um, ao longo de sua vida, terá que fazer ao menos uma viagem à montanha. Sendo, porém, necessário respeitar algumas condições e seguir algumas regras.
Inicialmente, serão os idosos da cidade a organizar a primeira viagem. Será o grupo dos mais velhos a abrir o primeiro caminho. Devem ser eles a abrir a primeira passagem e a traçar o primeiro recurso. Quando chegarem ao ponto mais distante alcançável com suas próprias forças, chamarão seus filhos como substitutos.
Estes, com suas forças, poderão ir além, procedendo à procura do caminho para chegar no alto da montanha. Mas, eles também, quando suas forças chegarem ao limite, podem interromper seu esforço e parar num local onde será construída uma cabana, onde deverão deixar cobertas e alimentos, instalando um abrigo restaurador para quem até ali chegar.
Poderá ser o ponto de largada para jovens que, seguindo a tradição feita por seus avós e pais, poderão decidir se continuam a exploração da montanha até o pico, cada um construindo um novo caminho, cada um seguindo seu próprio percurso. Não significa que todos chegarão ao pico da montanha, mas é certo que quem chegar até lá o terá feito motivado por sua própria vontade e acompanhado por sua determinação.
Consuelo C. Casula
Do livro: Metáforas - Para a Evolução Pessoal e Profissional