As cores desfilavam formosas, exuberantes, cada qual orgulhosa de seus brilhos:
o verde identificando-se com as florestas,
o azul com a beleza celestial,
o vermelho com o fogo poderoso
e, assim, todas as demais realçavam suas virtudes.
Enquanto isso, o cinza, humilhado, sem brilho, retraía-se num canto obscuro.
Um dia, um pobre e velho peregrino entrou na região das cores e, extenuado, pediu ao cinza que o protegesse com sua sombra.
Inicialmente, o cinza espantou-se com a solicitação, mas logo aquiesceu, cobrindo o velhinho com um confortável crepúsculo. E ali permaneceu, em vigília, resguardando seu sono reparador.
As demais cores riam da cena, julgando-a ridícula.
Mas, o cinza experimentava uma indizível alegria por se sentir valorizado no servir.
Ao acordar, o peregrino agradeceu com um beijo e foi-se pela estrada.
Para espanto geral das cores, o cinza foi adquirindo uma extraordinária luminosidade e prateou-se.
Deus havia adormecido sob sua sombra.
Há em todo Ser Humano uma inefável beleza interior a espera de quem a pressinta, acredite e a desperte.