Era uma vez... um filhote que que não sabe o que fazer para obter o que deseja. Ninguém o ensinou. Frequentemente deseja algo que não consegue alcançar. Em seu coração, tem certeza de que, em algum lugar a solução existe. Decide, então, partir para procurar por ela no bosque dos sábios conselheiros.
Seu primeiro encontro é com um cão, ao qual pergunta: “Como fazer para obter tudo o que eu desejo?” E o cão responde: “Faça como eu, latindo, verás que os outros se assustam, e fazem o que desejas.” “Pode ser que funcione,” reflete o filhote, “com quem se deixa assustar, mas desse jeito é barulhento demais, talvez exista um outro modo”.
Prosseguindo, encontra uma serpente, que ao ouvir a pergunta, responde: “É simples, basta dar uma pequena mordida, e estarás livre de qualquer obstáculo.” “Isso pode ser útil, quando eu quiser me liberar definitivamente de quem me cria obstáculos, mas é um pouco drástico demais”, pensa o filhote.
Encontra uma sereia que lhe diz: “Canta, e com teu belo canto, enfeitice todos e assim conseguirás facilmente obter o que queres.” Técnica sedutora, reflete o filhote, poderia funcionar com ingênuos e boçais. Mas eu mesmo estou tão atordoado que, em vez de seduzi-los, os faria escapar.
Encontra a coruja, que começa a dar uma aula sobre a arte da negociação e sobre a necessidade de considerar as razões de ambos os lados. A coruja envereda tanto por detalhes, que o filhote se atormenta, deixando de ouvir seus preciosos conselhos.
Encontra uma garça, que sugere: “Pegue o que te serve e fuja o mais rápido que puderes, sem deixar que te peguem.” “Parece um pouco arriscado”, reflete o filhote, “além do mais, não gostaria de ter que fugir após ter pego o que desejo, pois significaria achar que não tenho direito àquilo”.
Ele vai, então, até o leão, que declara, com voz autoritária, que a solução é simples: “Basta decretar uma lei, e todos serão obrigados a obedecer-te.” “Seria fácil”, pensa o filhote, “para o rei da floresta, mas eu que não sou rei posso ditar leis somente para mim mesmo e não para outros”.
Encontra uma toupeira, que o tranquiliza porque não vê o problema, aliás, para ela o problema não existe. O encontro com a toupeira o faz crer que talvez essa seja a solução: acreditar que os problemas não existam e não ver o que for, a seus olhos, invisível.
O filhote sente-se desanimado: cada um lhe propôs suas soluções, mas ninguém respondeu, verdadeiramente, à sua questão. Imerso nesses pensamentos, encontra uma gaivota que voa livre e leve, confiando no vento que a conduz onde quiser ir. O filhote está fascinado com a confiança que a gaivota demonstra em relação àquilo que é, a seus olhos, invisível: e, quando a gaivota pousa, o filhote vai ao seu encontro para perguntar também a ela como faz para obter o que quer. A gaivota medita por um instante e responde: “Para obter o que quero, sobretudo me dedico muito, procuro no fundo do meu coração a minha vontade, confiando naquilo que posso fazer. Mas a coisa mais importante que aprendi”, acrescenta a gaivota, “foi deixar os outros livres de responder com um sim ou com um não. Faço as perguntas, sem nunca transformá-las em pedidos ou pretensões. Sei que posso convidar outros para voar comigo, mas não posso obrigá-los”.
Do livro: Metáforas - Para a Evolução Pessoal e Profissional