Era uma vez... um príncipe que, fascinado pela beleza de um pombo branco, manda fazer para ele uma confortável e espaçosa gaiola. E convida o pombo a viver ali. O pombo, honrado com o convite, aceita. A gaiola tem tudo aquilo que ele poderia desejar. Viver nessa gaiola significa que não deve fazer nada para prover àquilo de que necessita, pois tudo lhe é regularmente fornecido.
Com o passar do tempo, o pombo sente crescer em si uma estranha inquietação, que não consegue decifrar. Sente falta do céu aberto, dos raios de sol e da chuva sobre suas plumas: de vez em quando gostaria de poder esticar as asas e voar, extasiando-se à vista das coisas do alto, provar vertigens, gostaria de sentir o esforço e o empenho necessários para alcançar o que se deseja.
Ao contrário, desde que se encontra nessa gaiola, tudo lhe é oferecido gratuitamente. “Gratuitamente?” pergunta a si mesmo. Não. O que recebe tem um preço muito alto: a liberdade.
Quando descobre que nesses anos confundiu segurança com dependência, gratidão com complacência, livre escolha com obrigação, compreende que chegou o momento de deixar a gaiola, mesmo tão confortável, e recomeçar a voar com suas próprias asas.
Mas não sabe como. Não sabe se deve pedir permissão ao príncipe, teme que lhe diga não. Não sabe se corromper quem, às vezes, vem visitá-lo, não sabe se esperar sentado por um milagre.
Tomado por esses pensamentos, apóia-se na porta da gaiola descobrindo que a mesma encontrava-se aberta. Observa atentamente, poderia tratar-se de uma armadilha. Quanto mais observa, mais percebe que a gaiola sempre esteve assim. Ele pensava estar fechado numa gaiola, mas a porta sempre esteve aberta, para consentir escolher ficar ou ir embora. Dependia só e exclusivamente dele mesmo.
Do livro: Metáforas - Para a Evolução Pessoal e Profissional
Consuelo C. Casula